Ouvem-se abafados trotes ao longe
Do cavalgar de um negro cavalo
A seu lado andava um monge
E estava uma pálida dama nele montada
Dos olhos escuros qual noite profunda
O olhar indiferente tudo via
A pisotear a terra mais imunda
Avançava a sombria cavalaria
A dama vestia o breu
E o monge uma branca túnica
O cobria um finíssimo véu
De uma seda delicada, única
No horizonte uma moça avista
A face da morte a galopes lentos
A esperança aos poucos perde-se de vista
Esvai-se o mais puro dos sentimentos
O cavalo estrada abaixo caminha
O monge fatigado pra trás vai ficando
A dama de preto paciente vinha
Enquanto a moça morria esperando
Ao aproximar-se a dama da morte
Na moça, credos confusos se contorcem
De angúsia se fecha seu corpo, antes forte
De ânsia, rugas à face lhe aparecem
Está agora nua
O corpo envelhecido é dor
E ao reluzir da lua
A alma, porém, é toda amor
Os olhos da senhora agora cerram
A noite adentrando
A cavalaria no escuro chegando
E ela esperando
Esperando!
Esperando...
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