2016
Notas doces
Caramelizadas
Ecoando, velhas, do piano
A madeira escura, sombria
Guarda memórias de toques outros
De outras vidas
De outros tempos
Andante
Dolce
Canta suave a saudade
Chora baixinho
E faz trovoada
O som dos meus dedos
Paternais
A reger a melodia confiante
Que é como um grande coração
A pulsar forte
Vibrando pelo corpo do cômodo
Adentrando imediatamente meus ouvidos
Que respondem com os dedos
Determinados
Continuamente
Tocar ouvir tocar
Sentir de todo
Um bicho da seda enorme
Sentado numa cadeira
Aperta o pedal
Vem a melancolia
E o som da chuva
Uma chave é capaz de abrir-te
E revelar teus segredos todos
Caixa de Pandora
Borboletas mortas lá dentro
Vem a raiva
E o choro
E toco forte
Para a floresta toda ouvir
Como é triste o meu piano
Como é louco!
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