sábado, 23 de julho de 2016

Angústia Anatômica

2014

No âmago do meu estômago
Estranho e amargo
As mágoas se embrulham
Borbulham
Se acumulam as lágrimas
Nunca roladas
Interiorizadas, agoniadas
Corroendo minhas paredes gástricas
Se tornando um tornado de tormentas
Junto ao alimento em digestão
Bolo furioso de matéria sentimental
A angústia penetra meu sangue feito verme
Rasteja por entre hemácias e plaquetas
Deixa escorrer a gosma fria
Viscosa, viciosa
A dor perfura meus pulmões
Preenche os alvéolos d'água
Dissolve a vida em dois tempos -
Um
Sufoca, me afoga
Trai, me transborda
Não consigo respirar
Não consigo olhar à frente
Os olhos estão encharcados
A fronte pálida, contraída:
Contra a ida de encontro ao nada
A garganta seca arde
Eu tusso
Dois -
Eu cuspo a ânsia
A azia passa
Eu vomito melancolia
O resto, excreta o reto

Nenhum comentário:

Postar um comentário