2013
A tecelã
Na sala vazia
A moça na cadeira senta;
Uma cadeira de palhinha
Que com o tempo se desgasta.
Em sua mão um grande novelo
Vai aos poucos fazendo
As mais belas figuras:
São faces, são arte, são precisos detalhes.
Compenetrada ela tece
As peças mais lindas:
Quatro pequenas meias mede
Pra caber no amor infindo.
O novelo vai tecendo,
Vai gastando, vai cedendo;
Mas a mulher molda com fervor
Um exótico cobertor.
E o novelo vai se esvaindo;
As forças vão se exaurindo;
Do trabalho intenso à acabar,
A senhora cai a cabeça à descansar.
Suas criações de lã,
Tomando vida cobrem
A fatigada tecelã,
Que agora dorme.
O fio então vai desfazendo...
Vai desmanchando;
Lentamente se esgueirando,
O fio vai se acabando.
Do sono a senhora levanta,
De um lado a outro fita a sala:
Um castelo a envolve tal qual manta
E a seus pés quatro meinhas, observa ela.
Com essa imagem sorri;
Com frio se encolhe;
O novelo enfim tem fim
E os olhos são cerrados em paz.
A sala contudo não se desfaz;
A pobre senhora agora dorme em sono eterno,
Mas deixou-nos esse castelo!
Templo de inspiração!
Em meio a amplidão,
Caminhos se perdem na memória,
Passagens que abrem o coração,
Já gélido, da pobre senhora.
No trono a rainha, já morta,
Descansa nas rendas mais finas;
No palco resta essa cena, silenciosa,
E com isso fecham-se as cortinas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário