Heart skipped a beat
no seu radinho
numa tarde ensolarada
flutuando na minha memória
And when i caught it you were out of reach
But I'm sure, I'm sure
You've heard it before
Saltou do peito com a nostalgia
esse meio tom engasgado
que me devolve, catapultada,
a seu chuveiro pequeno
dando para rua engarrafada
lá em baixo
E a água escorrendo nas costas
a luz meio atravessada
e o corpo exposto
à vertigem escorregadia
dos dias
O som do The XX percorrendo
o banheiro e o quarto e o peito
nu, aguardando carícias
preservadas na ponta da língua
nos cantos ocultos do corpo
nas quinas empoeiradas
A meia batida descompassada
engana os sensos e as coordenadas
entorpecendo suavemente
a visão da estrada
a minha frente
Até que eu recobre os sentidos
e desdobre as cicatrizes
uma vez mais
But sometimes, I still need you
quinta-feira, 11 de outubro de 2018
segunda-feira, 8 de outubro de 2018
O tempo passa na aula de fonologia
e enquanto descrevemos os sons da margarina,
os sons que movem meu desejo vão derretendo em mim,
escorrendo
pelas
beiradas.
Perdi a trilha do meu desejo,
perdi os trilhos nesse querer
que não convence por inteiro.
Vim dando voltas em mim mesma tentando escapar do próprio corpo.
Me sinto desconectada dele como se vagasse pela vida amortecida.
Esquecendo da alegria e da comichão que aguça os sentidos.
Pensar demais abafa os sentidos.
Quando eu não sabia
as armadilhas
que me capturavam
na psique
eu simplesmente
não pensava sobre
o que se esconde
no escuro.
Por não conseguir ver
além do muro
que construí
ao meu redor.
Agora que eu vejo
o muro e
desvendo as armadilhas,
os mecanismos
se tornam mais sutis;
acabo deturpando
os
obstáculos
a frente.
Quando creio estar
na superfície
algo me puxa
para b
a
i
x
o
e me lembra que não estou num lugar só,
eu me duplico,
estou aqui e lá.
Assim deve ser.
Há algo sempre por debaixo.
Querendo escapar.
Quanto mais se conhece o escuro mais a luz parece cegar.
Não quero andar cega, iludida.
Quero viver coerente com minha sombra.
Íntegra.
Poder afirmar a vontade que me atrai naturalmente a certos lugares.
Saber que lugares são esses.
Andar por onde possa vicejar.
Não me contentar com um mato descuidado.
Cultivar um jardim para mim mesma, me fazer palácio,
não deixar que entrem aqueles que podam meus lírios,
não deixar me convencer de que não mereço o mais belo jardim.
Eu me mereço.
Eu me pertenço.
Eu me sou.
Não vou me colocar fora de mim pelo outro.
Não posso fazer isso se não estiver no meu corpo,
caminhando desejante por entre os ossos
que dão solo fértil às flores.
Faminto é o fosso que habita as profundezas do poço que sou.
que dão solo fértil às flores.
Faminto é o fosso que habita as profundezas do poço que sou.
refaço meus passos
sigo o rastro
rastejo o compasso
recrio o espaço
circunspecto
órbita negra
ao meu
re
dor
re
morso
re
médio
re
ferências
se desfazem
num estalido surdo
se despedem
do centro solar
do meu corpo
me desmonto
de muco
até o osso
parto
com gosto
ao sonido mudo
intrépido
atravesso o fosso
até o pomar
de fartos frutos
onde um jardineiro
me espera
à meia noite
onde o sonho
me conduz
até o sono
mais profundo
no rio abaixo do rio
neste mundo sombrio
sei que tenho abrigo
o frio é amigo
e amargo é o nome
que deixei pra trás
no silêncio voraz
do meio dia
para me ver seguindo
estrada parca e certa
a revelia
de todo o ingênuo
engenho humano
de toda doce ilusão
marcada a fogo
apesar das feridas
e dos fantasmas
e das fantasias
a pesar os fósseis
as fendas famintas
dentro do estômago
esvaziado de vida
até o reino
da morte morrida
onde o rei me espera
à meia noite
quando as corujas
amanhecem
e vem me cumprimentar
"vede, menina
esta terra fértil
não deixe de contemplar
aguça os olhos
sorve a seiva
sente o cheiro:
serve o mistério
do teu despertar"
sigo o rastro
rastejo o compasso
recrio o espaço
circunspecto
órbita negra
ao meu
re
dor
re
morso
re
médio
re
ferências
se desfazem
num estalido surdo
se despedem
do centro solar
do meu corpo
me desmonto
de muco
até o osso
parto
com gosto
ao sonido mudo
intrépido
atravesso o fosso
até o pomar
de fartos frutos
onde um jardineiro
me espera
à meia noite
onde o sonho
me conduz
até o sono
mais profundo
no rio abaixo do rio
neste mundo sombrio
sei que tenho abrigo
o frio é amigo
e amargo é o nome
que deixei pra trás
no silêncio voraz
do meio dia
para me ver seguindo
estrada parca e certa
a revelia
de todo o ingênuo
engenho humano
de toda doce ilusão
marcada a fogo
apesar das feridas
e dos fantasmas
e das fantasias
a pesar os fósseis
as fendas famintas
dentro do estômago
esvaziado de vida
até o reino
da morte morrida
onde o rei me espera
à meia noite
quando as corujas
amanhecem
e vem me cumprimentar
"vede, menina
esta terra fértil
não deixe de contemplar
aguça os olhos
sorve a seiva
sente o cheiro:
serve o mistério
do teu despertar"
quinta-feira, 13 de setembro de 2018
Balada do caranguejo
é uma arte que desconheço a de parir-me sem esforço
como o caranguejo que emerge novo da casca
a pele ardendo por não caber mais em sua couraça
a proteção da casa é arma de caça: garra avantajada
pois se não pode ficar em sua toca
e tem de sair às riscas mar a fora
com todo o perigo que ali mora
poderá se defender das marinhas ameaças
submersa
aprendo a sair do casulo com menos desconfiança
tendo coragem de encarar os medos
as dores e as tristezas possíveis
que se inventam nas bifurcações
imensa
emersa
quero viver
o movimento das águas
quero amar uma cabra com calda de sereia
quero fazer do oposto ascendente
um desafio que faz crescer
quero estar inteira pro amor
como devo estar, sei que devo estar
por isso me banho em sal
a pele ardendo no desconhecido
apesar da tristeza aguda
que desponta da reconhecida
mordida que dei no amor e
da incerteza que se segue...
o perdão flutuando com as algas
a dúvida aflorando verde
a maré subindo com a visão
do sofrimento causado
imunda
e mansa
lua crescente em escorpião,
ampara meu coração aguado
dá colo pras filhas que sofrem
de feridas profundas
acolhe o meu amor
do outro lado
e traz leveza com sua gravidade
com sua certeza de transformação
acolhe o meu bem
acolhe o pranto,
mãe noturna das profundezas impuras
me inunda
e imanta
permita-me
renovar
respirar
reparar
seguir
despreparada
amparada
ma(i)s atenta
e atenciosa
mar a fora
mais a fora
mesmo dentro
sempre funda
mais aflora
mar a dentro
mais afunda
a imensa flora
como o caranguejo que emerge novo da casca
a pele ardendo por não caber mais em sua couraça
a proteção da casa é arma de caça: garra avantajada
pois se não pode ficar em sua toca
e tem de sair às riscas mar a fora
com todo o perigo que ali mora
poderá se defender das marinhas ameaças
submersa
aprendo a sair do casulo com menos desconfiança
tendo coragem de encarar os medos
as dores e as tristezas possíveis
que se inventam nas bifurcações
imensa
emersa
quero viver
o movimento das águas
quero amar uma cabra com calda de sereia
quero fazer do oposto ascendente
um desafio que faz crescer
quero estar inteira pro amor
como devo estar, sei que devo estar
por isso me banho em sal
a pele ardendo no desconhecido
apesar da tristeza aguda
que desponta da reconhecida
mordida que dei no amor e
da incerteza que se segue...
o perdão flutuando com as algas
a dúvida aflorando verde
a maré subindo com a visão
do sofrimento causado
imunda
e mansa
lua crescente em escorpião,
ampara meu coração aguado
dá colo pras filhas que sofrem
de feridas profundas
acolhe o meu amor
do outro lado
e traz leveza com sua gravidade
com sua certeza de transformação
acolhe o meu bem
acolhe o pranto,
mãe noturna das profundezas impuras
me inunda
e imanta
permita-me
renovar
respirar
reparar
seguir
despreparada
amparada
ma(i)s atenta
e atenciosa
mar a fora
mais a fora
mesmo dentro
sempre funda
mais aflora
mar a dentro
mais afunda
a imensa flora
quinta-feira, 6 de setembro de 2018
o jogo do bicho
sim, eu sou um monstro
um monstro bem cabeludo
cínico e sensual
antes de me travestir de bicho dócil
eu sou esse monstro
vívido, animal
caminho na superfície
como bicho são
dono da razão
peito aberto pras praças
e a torneira escura
jorrando água
até alagar o pátio inteiro
na enchente me desacho de mim
encontro o monstro
em sua crueza natural
e dou a mão a ele
pra ver se nos salvamos
desse dilúvio matinal
o descaso vaidoso do bicho
não percebe que
antes de ser presa
é ele o predador
e segue casualmente
em sua casualidade casual
de bicho tolo panaca
que esqueceu a sua força e seu brilho
nos pelos cintilantes e sedosos do monstro
um monstro bem cabeludo
cínico e sensual
antes de me travestir de bicho dócil
eu sou esse monstro
vívido, animal
caminho na superfície
como bicho são
dono da razão
peito aberto pras praças
e a torneira escura
jorrando água
até alagar o pátio inteiro
na enchente me desacho de mim
encontro o monstro
em sua crueza natural
e dou a mão a ele
pra ver se nos salvamos
desse dilúvio matinal
o descaso vaidoso do bicho
não percebe que
antes de ser presa
é ele o predador
e segue casualmente
em sua casualidade casual
de bicho tolo panaca
que esqueceu a sua força e seu brilho
nos pelos cintilantes e sedosos do monstro
quinta-feira, 16 de agosto de 2018
isso é amor
a memória da sua bochecha
corada
a roçar na minha
atravessando a espinha
num sorriso de corpo inteiro:
a imagem de um mamoeiro
pendendo de sua magreza
um farto fruto fértil
a conquista da beleza
em cada ponto plano paisagem
prédio prato miragem
que o olhar alcança
enquanto a memória
avança
e devora
a fruta.
hoje vi uma garça
branca
parada
refletida n'água
e parei
perplexificada
pelas constelações
que se pintavam
líquidas,
o duplo do duplo
o olhar desnudo
tocando a realidade
que então mostrou sua calma
sua alma e sua lama
naquela garça
parada.
o amor está ao nosso redor
como o ar que nutre a todos
na proporção exata
desde as plantas
em sua capacidade
de alimentar-se de estrelas
até clarice e sua capacidade
de antever o futuro
no imediato,
há um rastro
que reverbera
entre um
e outro
os unindo
pelo amor,
é então que as bochechas
relampejam
de uma sincera alegria
pois reconhecem as suas
no capim à beira do lago
iluminado
na teia que liga a garça
ao mamoeiro
e a mim
e a ti,
num constante ato
mágico
tácito
poético
de dizer sim.
corada
a roçar na minha
atravessando a espinha
num sorriso de corpo inteiro:
a imagem de um mamoeiro
pendendo de sua magreza
um farto fruto fértil
a conquista da beleza
em cada ponto plano paisagem
prédio prato miragem
que o olhar alcança
enquanto a memória
avança
e devora
a fruta.
hoje vi uma garça
branca
parada
refletida n'água
e parei
perplexificada
pelas constelações
que se pintavam
líquidas,
o duplo do duplo
o olhar desnudo
tocando a realidade
que então mostrou sua calma
sua alma e sua lama
naquela garça
parada.
o amor está ao nosso redor
como o ar que nutre a todos
na proporção exata
desde as plantas
em sua capacidade
de alimentar-se de estrelas
até clarice e sua capacidade
de antever o futuro
no imediato,
há um rastro
que reverbera
entre um
e outro
os unindo
pelo amor,
é então que as bochechas
relampejam
de uma sincera alegria
pois reconhecem as suas
no capim à beira do lago
iluminado
na teia que liga a garça
ao mamoeiro
e a mim
e a ti,
num constante ato
mágico
tácito
poético
de dizer sim.
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
poesia
esse estado
de transe
loucura
beira
nem eira
:
tento me expressar em seus embalos
ritmos encadeados desenfreados
abalos sísmicos na madrugada
teu alento se faz casa
em pensamento à
margem d'água...
perdoa se é demais ainda
pro pouco tempo de cafuné
é que é tão forte e seguro
esse amor espontâneo
que esqueço da fragilidade
que pode ter um sentimento dúbio
mas te digo crua que acho
que alarga o futuro
poder expressar até os beliscos
que mordem a pele de vez em quando
na presença de um ou outro fantasma;
o passado é rabo longo mas é rastro
late mas não morde
é cachorro pequeno e abusado
não tenho paciência pra esses
mas por acaso gato
eu reverencio
por serem estes
os guardiões dos portais.
atravessar o tempo
exige coragem de vendavais
ousadia de maremotos
inventividade de nuvens
desapego de tudo mais
que não for o sentimento
que emana genuinamente de dentro
pra fora até o centro do universo,
e eu estou pronta.
esse estado
de transe
loucura
beira
nem eira
:
tento me expressar em seus embalos
ritmos encadeados desenfreados
abalos sísmicos na madrugada
teu alento se faz casa
em pensamento à
margem d'água...
perdoa se é demais ainda
pro pouco tempo de cafuné
é que é tão forte e seguro
esse amor espontâneo
que esqueço da fragilidade
que pode ter um sentimento dúbio
mas te digo crua que acho
que alarga o futuro
poder expressar até os beliscos
que mordem a pele de vez em quando
na presença de um ou outro fantasma;
o passado é rabo longo mas é rastro
late mas não morde
é cachorro pequeno e abusado
não tenho paciência pra esses
mas por acaso gato
eu reverencio
por serem estes
os guardiões dos portais.
atravessar o tempo
exige coragem de vendavais
ousadia de maremotos
inventividade de nuvens
desapego de tudo mais
que não for o sentimento
que emana genuinamente de dentro
pra fora até o centro do universo,
e eu estou pronta.
Venho gritando seu nome
aos sete ventos,
na janela do ônibus
feito cão sem dono.
Tenho certeza plena
de que quero estar contigo,
meu amor!
E é maravilhosa
a sensação de escolha.
Por isso eu te peço
mais uma vez
namora comigo,
que eu te prometo
que vai ser novo
a cada ciclo,
um padroeiro diferente
a cada mês,
reafirmado os votos
em cada vez,
abençoadas
na generosidade de Leonardo
ou na sabedoria de Rogério...
Seguimos estrada,
firme,
rumo à vida
assertivamente
acolhida
a cada passo.
aos sete ventos,
na janela do ônibus
feito cão sem dono.
Tenho certeza plena
de que quero estar contigo,
meu amor!
E é maravilhosa
a sensação de escolha.
Por isso eu te peço
mais uma vez
namora comigo,
que eu te prometo
que vai ser novo
a cada ciclo,
um padroeiro diferente
a cada mês,
reafirmado os votos
em cada vez,
abençoadas
na generosidade de Leonardo
ou na sabedoria de Rogério...
Seguimos estrada,
firme,
rumo à vida
assertivamente
acolhida
a cada passo.
domingo, 5 de agosto de 2018
Bruno à 299 792 458 m/s
ela é linda, meu bem
que bom saber que você está amando de novo
é de encher o peito de esperança
mas confesso
que rolam-me as lágrimas
pelos tantos quilômetros de distância
entre o que fomos e o que somos
já estamos mais perto de sermos outros
do que estamos de sermos aqueles
mas ainda tenho nosso quadro
sobre a minha cama
para celebrar o amor que eu sei
que me é total
que é aquele transbordante ainda
que aprendi contigo a sentir
que vi crescer em mim até virar pedra
nos rins
e que não me pertence
o amor não pertence
atravessa
transborda
de dentro pra fora
é por isso que me alegra saber
que você está amando de novo, meu bem
porque você é e sempre será estrela
dentro do meu peito
luz própria
independente
rastro
de
luz
na
memória
do
céu
que bom saber que você está amando de novo
é de encher o peito de esperança
mas confesso
que rolam-me as lágrimas
pelos tantos quilômetros de distância
entre o que fomos e o que somos
já estamos mais perto de sermos outros
do que estamos de sermos aqueles
mas ainda tenho nosso quadro
sobre a minha cama
para celebrar o amor que eu sei
que me é total
que é aquele transbordante ainda
que aprendi contigo a sentir
que vi crescer em mim até virar pedra
nos rins
e que não me pertence
o amor não pertence
atravessa
transborda
de dentro pra fora
é por isso que me alegra saber
que você está amando de novo, meu bem
porque você é e sempre será estrela
dentro do meu peito
luz própria
independente
rastro
de
luz
na
memória
do
céu
quarta-feira, 1 de agosto de 2018
Se saudades sinto
de repente
na lembrança pousa
suavemente
como um rastro de luz
certa partícula viva
que se produz no encontro
entre dois seres.
Encontro este
que os transforma
intimamente
e assim também
o curso da história.
Essa afetiva memória
percorre a espinha como presença.
Avisando ao meu corpo
que seja forte
e honre a passagem
de cada gente
sul ou norte
que me atravessou
e mudou os rumos do meu navegar.
Vou ao lado da Sorte neste imenso mar
de águas infinitamente possíveis
a revés da morte
e trajando bandeira
esbravejar:
"serei mais forte
serei mais suave
serei firme como a rocha
e doce como o mar,
pois esta partícula vibra
em meu ser inteiro,
indivisível,
como a certeza
de que já é tempo
de ser-me,
corajosamente,
este eu-possível"
de repente
na lembrança pousa
suavemente
como um rastro de luz
certa partícula viva
que se produz no encontro
entre dois seres.
Encontro este
que os transforma
intimamente
e assim também
o curso da história.
Essa afetiva memória
percorre a espinha como presença.
Avisando ao meu corpo
que seja forte
e honre a passagem
de cada gente
sul ou norte
que me atravessou
e mudou os rumos do meu navegar.
Vou ao lado da Sorte neste imenso mar
de águas infinitamente possíveis
a revés da morte
e trajando bandeira
esbravejar:
"serei mais forte
serei mais suave
serei firme como a rocha
e doce como o mar,
pois esta partícula vibra
em meu ser inteiro,
indivisível,
como a certeza
de que já é tempo
de ser-me,
corajosamente,
este eu-possível"
terça-feira, 17 de julho de 2018
socorro lira
do terraço
diz
é tão frágil a delicadeza
que tenho medo de perdê-la
enquanto derramamos nossas lágrimas
e esquecemos delas dançando o dois mais dois
é raro encontrar a beleza
e não deixá-la escapar
pois
é preciso alguma maturidade
pra apreciá-la além da euforia
de encontrá-la como susto
a calma que rogo é aquela
que vive a beleza
decididamente
em cada lágrima
formando pérola
no estômago
meu bem
escrever é uma decisão
é um ato de amor
gerar do nada a palavra
tem a força de dar forma
ao informável
a delicadeza é uma forma
de amar o informável
eu escolho as suas bochechas
sempre
como uma visão que a retina
grava na pele de nossas memórias
sei que já nos conhecíamos antes
de nos encontrarmos nessa vida
mas é nova cada noite de lua crescente
em que sangramos juntas
nessa noite no terraço
antes de você me apresentar socorro
eu decidi te amar com todo meu coração
mas já estava decidido antes de eu me formar
e ver formando em mim esse informável
que ganha som e ritmo
e dança no meu corpo
sinuosamente
sem palavras
como uma cobra d'água
subindo rio acima
escorregadiamente
entre meus órgãos
do terraço
diz
é tão frágil a delicadeza
que tenho medo de perdê-la
enquanto derramamos nossas lágrimas
e esquecemos delas dançando o dois mais dois
é raro encontrar a beleza
e não deixá-la escapar
pois
é preciso alguma maturidade
pra apreciá-la além da euforia
de encontrá-la como susto
a calma que rogo é aquela
que vive a beleza
decididamente
em cada lágrima
formando pérola
no estômago
meu bem
escrever é uma decisão
é um ato de amor
gerar do nada a palavra
tem a força de dar forma
ao informável
a delicadeza é uma forma
de amar o informável
eu escolho as suas bochechas
sempre
como uma visão que a retina
grava na pele de nossas memórias
sei que já nos conhecíamos antes
de nos encontrarmos nessa vida
mas é nova cada noite de lua crescente
em que sangramos juntas
nessa noite no terraço
antes de você me apresentar socorro
eu decidi te amar com todo meu coração
mas já estava decidido antes de eu me formar
e ver formando em mim esse informável
que ganha som e ritmo
e dança no meu corpo
sinuosamente
sem palavras
como uma cobra d'água
subindo rio acima
escorregadiamente
entre meus órgãos
sábado, 30 de junho de 2018
para o Pedro
de ondas se faz o centro
a pressão de estar debaixo da terra
sem escoamento possível
mas de ondas se faz o centro
e o passado se faz no presente
essa dança
é como uma arma
não se pese
é de ondas que se faz o centro
no cerne cardeal
de todas as medidas
norte sul leste oeste
onde meu olho vai
vem também este cordão
que arrasto desde o nascer
centro
abismo
hoje chorei debaixo d'água
dancei no fundo do oceano
depois me disfarcei de superfície
é de espanto que se faz o homem
e de ondas que se faz o centro
dando voltas em si mesmo
buscando o que?
a certeza de que só há incerteza
a segurança de que só há insegurança
a coragem de se lançar ao indefinido
mesmo que seja ilusão
in you im lost
não há salvamento
estamos sozinhos
nessa noite desconhecida
sempre estaremos sozinhos
mas temos as vozes que nos acompanham
sussurrando memórias de um futuro incerto
a tempestade dentro de um tormento
de ondas é que se faz o centro
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