a memória da sua bochecha
corada
a roçar na minha
atravessando a espinha
num sorriso de corpo inteiro:
a imagem de um mamoeiro
pendendo de sua magreza
um farto fruto fértil
a conquista da beleza
em cada ponto plano paisagem
prédio prato miragem
que o olhar alcança
enquanto a memória
avança
e devora
a fruta.
hoje vi uma garça
branca
parada
refletida n'água
e parei
perplexificada
pelas constelações
que se pintavam
líquidas,
o duplo do duplo
o olhar desnudo
tocando a realidade
que então mostrou sua calma
sua alma e sua lama
naquela garça
parada.
o amor está ao nosso redor
como o ar que nutre a todos
na proporção exata
desde as plantas
em sua capacidade
de alimentar-se de estrelas
até clarice e sua capacidade
de antever o futuro
no imediato,
há um rastro
que reverbera
entre um
e outro
os unindo
pelo amor,
é então que as bochechas
relampejam
de uma sincera alegria
pois reconhecem as suas
no capim à beira do lago
iluminado
na teia que liga a garça
ao mamoeiro
e a mim
e a ti,
num constante ato
mágico
tácito
poético
de dizer sim.
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