refaço meus passos
sigo o rastro
rastejo o compasso
recrio o espaço
circunspecto
órbita negra
ao meu
re
dor
re
morso
re
médio
re
ferências
se desfazem
num estalido surdo
se despedem
do centro solar
do meu corpo
me desmonto
de muco
até o osso
parto
com gosto
ao sonido mudo
intrépido
atravesso o fosso
até o pomar
de fartos frutos
onde um jardineiro
me espera
à meia noite
onde o sonho
me conduz
até o sono
mais profundo
no rio abaixo do rio
neste mundo sombrio
sei que tenho abrigo
o frio é amigo
e amargo é o nome
que deixei pra trás
no silêncio voraz
do meio dia
para me ver seguindo
estrada parca e certa
a revelia
de todo o ingênuo
engenho humano
de toda doce ilusão
marcada a fogo
apesar das feridas
e dos fantasmas
e das fantasias
a pesar os fósseis
as fendas famintas
dentro do estômago
esvaziado de vida
até o reino
da morte morrida
onde o rei me espera
à meia noite
quando as corujas
amanhecem
e vem me cumprimentar
"vede, menina
esta terra fértil
não deixe de contemplar
aguça os olhos
sorve a seiva
sente o cheiro:
serve o mistério
do teu despertar"
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