domingo, 1 de janeiro de 2017

Enche de ternura a minha boca
E assalta a minha infância erguida em prece.
Tece em fios tenros a baba que liga os ventres ocos
E, pacientemente, me atravessa o semblante duro
Até alcançar a carne mole,
O olhar fundo,
O sexo explícito e inconcluso,
A testa plácida,
E todos os suspiros tímidos
Esperando para serem arrancados da morada
(útero-casulo dormindo sereno dentro da minha solidão).
Remove a poeira que cresce no canto dos meus olhos,
E, peço-te, humilde, tende piedade das minhas mãos miúdas.

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