domingo, 8 de janeiro de 2017

O fio do tempo que tece essa segunda puberdade
A comichão do amor em prantos a arder a pele
A erupção telúrica dos teus afagos
Parcas moiras, venham cá moirinhas
Me façam um chamego enquanto preparo meu sono
Cozinho meus sonhos em banho-maria
Atravesso a pouca idade com o peito inchado
Tenho espinhas muito novas na testa
Elas que só agora vem povoar a minha fronte constelada
E já tão cedo canso da minha cara
Peço piedade ao meu corpo para que não me traia
Para que dele apenas cresçam sementes
Filhos-bananeiras
Do meu útero pequetito: frutos avermelhados
O milagre grotesco
Tece moirinha
Tece o meu amor em carne viva
Tece feroz a paixão que encharca os pelos púbios
Dentro das conchas uterinas dormem
Silêncios encapsulados em suspiros
Pois quando brotam da flor em prece
É palavra alagada e grávida
Dos meus tenros, férteis, anos

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