terça-feira, 20 de outubro de 2020

entranham-me quenturas serelepes,
percorrem-me a carne tesa e flácida nas margens,
tremem-me o tecido musculoso e vibram-me as partes ocultadas
sob os tecidos viscosos, maleáveis, que colam-se às minhas mamas molengas.

a libido salta:
corre e 
pressiona e 
ganha impulso e 
dispara 
vertical
no ar.

gente gente gente
um corpo 
meu deus
um corpo
que não é o meu!
meu deus me dê um corpo
que diga ao meu com gestos:
- você é um outro
me deixe ser outra
nessa noite abafada
sua e sua e pele e 
um pouco de sangue
e geme geme geme 

as bordas dissolvem um corpo que já não é este,
as fronteiras suspendidas no ar são lagartixas de luz 
dançando eufóricas ao som dos tambores que rufam e furam
milhares de cabeças que flutuam no quarto, sem torso nem rosto.

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