Os fios que deixei na parede do seu boxe
como uma pintura de Miró
em um museu em alguma cidade
do centro do mundo:
Miró
e eu
e a geometria fluída
dos fios que pintam
as telas e as paredes
dos boxes:
e você e suas linhas curvas
de sabedoria e de abundância
(porque a vida não é pouco camarada):
O brilho dos teus olhos me devora por dentro.
A sua fome larga de experiências,
as redes e os caminhos e os nós,
o nós que estamos a tecer,
é a carne tesa que alimenta o entre -
esse emaranhado de silêncios desejantes.
As linhas são mais gentis sem as pontas
que moldam os calendários,
quando traçam suaves seu rumo por entre as memórias -
dançando uma música doce
(que toca quando te vejo).
Os pontos que determinam as pausas,
como paredes que dividem espaços,
são esses que ritmam os versos,
plainando
entre as imagens que surgem
vibráteis
e cegas
Orquestrar poesia
é como pintar
sentindo o rumo das palavras.
Como se elas conduzissem
a melodia
a partir
do maestro.
Te amar é como amar a vida,
Kandinsky e morangos:
dá vontade de mastigar cada detalhe
com o coração na boca.
Amanhã é o último dia do ano,
mas de que adianta contar?
É sempre o primeiro
ou não é nada.
É só o rumo das coisas
que nos desenham a partir de nós.
[RIO DE JANEIRO, 2018]
ResponderExcluirHoje eu reli esse texto achei ele ainda mais lindo. Achei muito injusto que vc me pediu pra criticar um negócio lindo desses... e num tem francês que faça melhor não.
Ainda to bobo contigo,
Ass: Silêncios desejantes
PS: blogspot? what a hipster