segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Os fios que deixei na parede do seu boxe como uma pintura de Miró em um museu em alguma cidade do centro do mundo: Miró e eu e a geometria fluída dos fios que pintam as telas e as paredes dos boxes: e você e suas linhas curvas de sabedoria e de abundância (porque a vida não é pouco camarada): O brilho dos teus olhos me devora por dentro. A sua fome larga de experiências, as redes e os caminhos e os nós, o nós que estamos a tecer, é a carne tesa que alimenta o entre - esse emaranhado de silêncios desejantes. As linhas são mais gentis sem as pontas que moldam os calendários, quando traçam suaves seu rumo por entre as memórias - dançando uma música doce (que toca quando te vejo). Os pontos que determinam as pausas, como paredes que dividem espaços, são esses que ritmam os versos, plainando entre as imagens que surgem vibráteis e cegas Orquestrar poesia é como pintar sentindo o rumo das palavras. Como se elas conduzissem a melodia a partir do maestro. Te amar é como amar a vida, Kandinsky e morangos: dá vontade de mastigar cada detalhe com o coração na boca. Amanhã é o último dia do ano, mas de que adianta contar? É sempre o primeiro ou não é nada. É só o rumo das coisas que nos desenham a partir de nós.

Um comentário:

  1. [RIO DE JANEIRO, 2018]
    Hoje eu reli esse texto achei ele ainda mais lindo. Achei muito injusto que vc me pediu pra criticar um negócio lindo desses... e num tem francês que faça melhor não.

    Ainda to bobo contigo,
    Ass: Silêncios desejantes

    PS: blogspot? what a hipster

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