Acordo:
O escuro me envolve por todos os lados.
Sinto as solas dos meus pés firmes
na terra fria de um lugar desconhecido.
Meus olhos imprestáveis demoram-se,
acostumando-se ao nada que preenche tudo.
O som do meu coração guia meus passos
em direção a um destino obtuso...
Tenho medo, mas avanço conduzida pela
carruagem de borboletas que me habita a barriga.
Chamo a coragem pelo nome e ela se agita:
Um fio de puro ouro aparece no breu,
iluminando parcamente o caminho.
À medida que avanço, me percebo
percorrendo um velho labirinto.
Se falassem, suas paredes revestidas de hera
contariam histórias de antigos castelos.
No silêncio oculto, um sussurro longínquo
me canta os caminhos do meu pensamento.
Para onde vou, não sei. Confio, porém,
na tenacidade do fio e na delicadeza da voz
que me convocam a seguir meu rumo:
Pois que o caminho é destino
E o destino, desconhecido
alento no escuro.