Nessa manhã perfeita
De frio ensolarado
Cabe a minha infância inteira
E todo o inesperado
O mundo se move comigo
Mas o tempo descansa parado
Enquanto pedalo minha bicicleta
E o vento arrepia gelado
O sol cresce à pino
Arranha o topo do céu
A tarde uma camada fina
Escorrendo feito mel
O ar parece mais leve
Depois que a chuva o varreu
O azul penetra os pulmões
E faz outono em corpo meu
A noite desce igual manto
Cobre a cidade de escuro
Sua voz é tecida com as luzes
Que piscam como sussurros
Apesar de faróis e buzinas
O silêncio ainda escuto
Esse diapasão interno
Som delicado e bruto