I
o teu afeto me move e emociona
o teu carinho me soa como casa
o teu riso movimenta as borboletas
cá dentro da minha barriga
já sou um rio quieto esperando cê voltar
II
vem com seus barulhos de grilo falante
e seu jeito de falar poesias por
entre os dentes pequeninos
esse olhar de bicho ou de criança
ou qualquer coisa cúmplice
e sagrada que emana de tuas
pupilas pretas de bola de gude
é na brincadeira que se leva a sério a vida
III
vamos inventar uma fábula
em tons de terra cota
em que os bichos saibam dançar
o côco, e as palavras saibam
rastejar
que não haja limites pra nossa inventurança
IV
respeitar o corpo
escutar o desejo
saber que se é natureza
o amor é o que mantém as células juntinhas
V
seu torço macio dobrando entre
meus dedos por debaixo
da camisa do pijama que
grudou na sua pele feito mel
imagens que guardo para os suspiros
VI
incontáveis palavras
ecoando
com a sensação de que
eu adoro te escutar e
te ver movimentar os lábios
você é exímia comunicadora
(principalmente quando me beija estalado)
VII
24 horas passam como 6
e já quero ver multiplicado o
tempo que meu umbigo cola
no teu numa matemática
afetiva que nos desenrola
como o um que gera o dois quero dançar forró com você
VIII
quentão ficou meu coração
depois dessa ciranda linda
arrê, viva São João!
e a arte de cantar cantiga
ó, tua aura cor de mel brilha mais do que o sol
IX
tua voz doce
falando de outra voz
doce numa ode
aos sons que emergem do mar
A imaginação é uma jangada
(que me conduz a ti)
X
palavra cuspida é
palavra revelada
palavra escondida
é palavra-coágulo
sem caroços na garganta: vamos falar de amor
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