Mais uma vez
sou ninada
no colo do escuro.
Mais uma vez
sou gestada
no abraço do inseguro.
Mais uma vez,
acolhida
por suas mãos enormes.
Mais uma vez,
moldada
por sua matéria informe.
Uma névoa que desce
das montanhas
ao anoitecer.
Tive medo de perder
meus contornos,
de esquecer o que sabia,
de sumir o que eu tocava
com a certeza dos meus dedos...
Mas agora que me entrego
ao útero do universo,
derramo minha angústia
e meu silêncio fértil
no pulso lento dos recomeços.