como que um apito
quebrado
engasgado na traquéia
um rouco rouxinol
apitando tragédia
traduz alguma saudade
interrompida
teimosia indecifrável
essa de repetir-me em
gesto tuberculoso
um escarro sempre por
vir
como se escancarar
fosse
o futuro das
mandíbulas
sônambulas ossadas
mudas
como se um câncer
crescesse a olhos nus
diminuindo-se sempre
para manter-se o mesmo
turvo turvo, menos que
furo
o pulmão escuro de
epicuro
está como que baleado
servindo de peneira às
facas
frígidas que engulo
a intervalos de assobios
tranquei nalguma
escápula
um sentimento afiado
de perder
agora o ar que entra
me escapa
e a perda consuma-se
nesse
quase impulso de
desapego
lúcido e trôpego
mas que ainda volta –
refluxo
e revolta as costelas
mal dobradas
impedindo o fluxo
melodioso dos
oráculos
tentaculosos
obstáculos
minuciosamente
articulados
por uma saúde aurática
deusa curandeira dos
espaços vazios
que desobedecida
implica
o falecimento das funções
como se colocasse
pedra na garganta
como se alfinetasse
lenta os pulmões