Embalada pelo ritmo melancólico
de uma música dos anos 10,
inundada num oceano
de papéis de bala,
me sinto,
por um instante,
uma ilha perdida
na imensidão
do quarto.
Engulo água salgada
com gosto de nostalgia:
A solidão da adolescência;
O desejo de ser encontrada
entre coisas perdidas,
coisas quebradas;
Ser vista, ser amada.
O anseio por aceitar
qualquer caco de atenção,
qualquer mensagem
encriptada
deixada numa página
de um blog,
esquecida na sua,
na minha boca
selada.
Mas emerjo das profundezas,
respiro o frescor que me abraça
e me reconheço outra:
Bem acompanhada,
envolvida por um amor
que me enxerga e me aceita,
que começa bem no centro
do meu corpo amadurecido,
enrugado de lágrimas
doces como cafuné,
mais apreciadas
que balas de café.