segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Amanhece.
O cheiro de jasmin
roçando as águas do rio
levanta a aurora em mim.

Nasce no limiar da pele um arrepio
que alarga a claridade calma,
ao primeiro sinal dos assobios
rompendo a casca da manhã.

O mundo me respira, eu viro brisa,
vago crua pelos galhos, traço atalhos,
lanço os dados do dia que desponta.

Fome e fibra, o corpo voluptuoso da vida
devora os pensamentos arredios,
a carne das palavras cravadas no silêncio.

O som das crianças me carrega para onde quero ir...
Escuto a infância me chamar na crina da poesia
e desço os vales das primeiras horas
com a leveza do não saber que confia.