o órgão pulsa
pirilampeando
na escuridão
do corpo.
Entre as sílabas roucas
que me escapam
pelos poros:
endocarpos,
escápulas,
coração catártico.
No ritmo das perdas,
consolos, afagos,
dos lutos lentos
escorregando
pelas veias...
No bater incansável
do tambor vermelho,
a vida jorra
desassombrando
a cegueira dos dias.
A vida navega
pacientemente
pelas células
feito uma nau errante.
Neste mesmo instante,
a vida vaga
desassossegada
pelos ossos, músculos,
pele inacabada.
Da ponta dos dedos
saltam
dançam
viajam
linhas coloridas
na imensidão
do espaço.
Imersas,
as linhas atravessam
a atmosfera,
tocando
delicadamente
a matéria-mundo.
Matéria múltipla,
manifestada na multidão
dos corpos,
na cadência
dos bumbos cósmicos.
Matéria viva,
vasta e profunda
que me toca:
o ar me penetra,
assola esse cisma
no meio do peito,
Bombeando
barcos, bichos,
linhas, rabiscos,
sustos, signos...
Vertiginosos arrepios
no arco de um respiro.