sábado, 17 de julho de 2021

Nadam como peixes
vacilantes numa piscina azul -
tão naturartificiais.

Se deixam levar pelas águas
em direção a uma misteriosa 
muralha de azulejos.

Caem,

Como peixes caem
no abismo do imenso oceano
que habita dentro 
de seus gélidos corpos.

sábado, 3 de julho de 2021

Hoje de manhã, o céu 
tinha um objeto assim parado, 
pousado sobre o ar estático. 
Não soube dizer o que era: 
se um balão, se um et de ressaca. 

Pela primeira vez em mais de ano 
desço as escadas para o subterrâneo. 
A música que toca é conhecida antiga, 
mas o barulho do metrô ao chegar na estação 
não me lembrava ser tão alto... 

Pareceu-me um bicho estranho, 
tão automático nos seus gestos. 
Será que ando assim como ele? 
Me conduzindo de um lado a outro 
sem me perguntar porque? 

Na Estácio, o bicho enche-se. 
Engole uma porção de gente 
com sua bocarra aberta de metal. 
As pessoas correm a buscar assento. 
Sentar-se é o último bombom da caixa.

Quem é que vai levá-lo? 
Quem sobrevive a esta cidade voraz, 
que multiplica a fome pelas beiradas, 
enquanto o centro se empanturra 
como um buraco sem fundo? 

Um estranho objeto paira no céu,
eu desço às profundezas da terra 
só pra descobrir que isso que chamamos normalidade 
é na verdade um ser indiscernível -
tão estranho e sem nexo que, 
para nossa conveniência,
não nos importamos em esquecer disso.