quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

notívaga

o escuro lumeia-me o vago olhar 
a escanear os escombros 
deste apagado quarto,
escondido sob a sombra
de um imenso barco,
esquecido,
encalhado
nas areias do tempo
que se esqueceu de cair
sobre nossos corpos
desérticos,
vastos,
esparramando-se 
sem fronteiras
no espaço...

secos, nossos dedos
não encontram nada
a não ser derivas,
sonhos desalumiados,
encardidos de esperas...
somente os olhos,
envidraçados e oblíquos,
perdidos nos tantos périplos
que não se deram 
em sabe-se quais mares,
guardam um resto,
um rastro longínquo, 
de umidade...