a noite veloz
como um caramujo
me desvenda:
a casa no corpo
no tempo esta senda
as sombras travessas
tramam futuros
incertos
incêndios
acendem o breu
no sonho, o abrigo
no umbigo, este corte
no fundo, a morte
já é renascer
debaixo do céu-yang
sigo o sentido
da terra-yin
in-vento
in-verno
in-verso
palavras
convexas
em busca
de nexo
silêncio grávido
milhões de tropeços
e ainda aqui
em corda-bamba
avanço plácida
inteira e torta
mas se a linguagem do avesso
devassa teço amanhãs
madrugada mansa
atravesso
sem segredos sangro
ventre-tombo-semente
escuto uivos à lua
no escuro úmido
da caverna, onde
nua e telúrica
me deito
me escorro
me esca(r)po
um caramujo veloz
como a noite
me desvenda:
no espaço-trêmulo
entre as letras
brilha mais o poema