terça-feira, 31 de março de 2020

atravessaria
a noite
se pudesse
em cima de minha
bicileta azul
no meio da rua
deserta

veloz como o som
arrebatador
das notas de um piano
escorregadio

choraria as dores
de cada ser humano vivo
e o sofrimento da terra
devastada

transbordando
em silenciosa
agonia
os rastros indeléveis
da nossa presença surda

diante da impossibilidade
sou na cama uma bicicleta
sem cabeça
pedalando azul
nosso destino
deserto