atravessaria
a noite
se pudesse
em cima de minha
bicileta azul
no meio da rua
deserta
veloz como o som
arrebatador
das notas de um piano
escorregadio
choraria as dores
de cada ser humano vivo
e o sofrimento da terra
devastada
transbordando
em silenciosa
agonia
os rastros indeléveis
da nossa presença surda
diante da impossibilidade
sou na cama uma bicicleta
sem cabeça
pedalando azul
nosso destino
deserto