sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Tua semente
Dentro do meu universo
Frio e fundo
Tão fecundo espaço
Oco

Mão macia em carne quente
Bafo quente em cama macia
Xamego, cafuné
Um dengo
Um tocar de pernas
Euvocê

A energia dos corpos
Os passados entrelaçados nos futuros
Aqui,
Na periferia do mundo
Descobrindo as bordas e os extremos do corpo
Abismo
Abandonando os juízos
Que só servem para atar os pés à areia movediça do já conhecido

Aí, depois da cordilheira, faz frio?
Estou debaixo das cobertas
Seu cheiro comigo navega entre as memórias
Meio difusas
Meio vagas
Bruxuleando como seda
Jangada no mar

Aqui,
Escuto música para tranquilizar o espírito
Me sinto calma
Tenho um sono infantil querendo me ninar
E os olhos acesos na espera da sua voz
Do outro lado da linha
Desse fio que nos liga

Amadureço como um figo
Negro e paciente como o céu escuro
O som das cordas entre os dedos
Me conduz numa viagem doce
Em que eu vibro e me viro ao contrário
Até apodrecer no colchão
Mole e esparramada
Completa

No pico desse instante
Tenho você dentro do meu universo
Feito uma semente
Que já desabrochou