sábado, 10 de agosto de 2019

Ao pé dos Andes

  Sob meu corpo
  horizontal
pousado em verde
  a terra move-se 
  no âmago magmático
   centro delirante 
desta esfera
  mais que lúcida
  mais que inteira
  vibrando em teia
  cadeia de círculos
  incomensuráveis vínculos
fissuras
vincos
espaços
 medéias
por onde brota primavera
no hemisfério sul.

De baixo do silêncio
tembla
ferve
flui sem distinção
matéria primeva
esperma que
se espalha
na superfície
rugosa e quieta
donde saltam
braços
 pernas
órgãos
veias
criaturas de areia
carbono e éter
sibilando
em segredo
a senda aberta
ao centro cego
de nós mesmos.

E tremem
- todas -
as tolas certezas
que insistimos
em proferir.