sozinha e poluída,
centopeia metálica,
dor de ouvido.
quantas pessoas cabem numa cidade?
quantas cabem no mato virulento misturadas aos suores de outros animais?
dói.
ter que pensar que já perdi minha infância.
os anos que passam são sempre lentos e rápidos demais.
cresço com os prédios que sobem cada vez mais alto.
diante do penhasco que surge sob meus pés: a queda livre.
a queda calma e pasma e assustada também,
de todas as possibilidades que o agora me dá.
um corpo é uma cidade.
reduto de linhas, tráfegos, olhares.
o sexo é uma cidade turbulenta e desértica.
escritórios por cima de escritórios e a esquizofrenia.
me dê seu dente embalado em papel de embrulho.
serei feliz.
tenho janelas bem distribuídas pelo corpo.
ou assim procuro deixar o vento penetrar o cômodo vazio
em que estou-me a deitar num divã dentro de mim.
esboço uma paisagem fluida no centro do meu corpo:
é uma imagem.
tem som e omoplata.
mas é segredo.