minhas mãos malhadas de medo
escorre a matéria do tempo por entre os dedos
tua sorte (ou azar): é cedo
para dizer sobre nós
e pois
e logo
aqui e lá
desata os nós dos meus dedos
me ensina a ver com teus ouvidos
tens nas mãos punhados de cheiros
caminhos, teias, tragos, cabelos
tua boca esconde segredos
de outras vidas
outros ocres
me contas apenas a
pluma
que escorrega dos teus lábios
pueris
é pouca a massa da vida
se não a luz que atravessa a
pele
e vem descansar nos teus tesos
pelos
toca o teu cheiro com os dedos
o umbigo do umbigo do umbigo
e o medo?